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Ignição por descarga capacitiva


O sistema de ignição eletrônica por descarga capacitiva, ou CDI (Capacitive Discharge Ignition), ou ainda Ignição por Tiristor, oferece grandes vantagens, tanto à respeito do sistema de ignição tradicional, com platinado, quanto ao sistema transistorizado.
Como já analisado, nos sistemas de ignição do tipo indutivo, tanto o puramente elétrico quanto o transistorizado, a alta tensão de ignição se consegue à base de um campo magnético criado e armazenado na bobina de ignição, que se extingue rapidamente quando a corrente primária é interrompida. Para que este campo magnético atinja seu valor máximo, é imprescindível o transcorrer de um determinado intervalo de tempo . O mesmo ocorre na produção da tensão secundária de ignição: a tensão secundária não alcança seu valor máximo ao mesmo instante em que a corrente primária é interrompida mas sim após um determinado tempo, gerando uma sequência de pulsos atenuados . O tempo de carga é variável em função das características da bobina mas, em todos os casos, é da ordem de vários centésimos de segundo, tempo relativamente grande e incompatível com a necessidade de ignição dos motores, sendo esta uma das mais significativas desvantagens do sistema indutivo de ignição.
No sistema capacitivo, a tensão secundária para a produção da faísca, em vez dos meios indutivos, se consegue, como indica o nome genérico do sistema, por meios capacitivos. A energia de ignição se armazena em um capacitor e, no momento adequado, esta energia é utilizada para a geração da faísca de ignição.

O princípio de funcionamento do sistema de ignição por descarga capacitiva é muito simples: faz uso de uma bobina de ignição, um capacitor e uma fonte de tensão capaz de fornecer algumas centenas de volts, em corrente contínua. O capacitor é conectado brevemente à fonte de tensão, até que atinja sua carga máxima. Com a carga, o capacitor armazena uma determinada quantidade de energia, que vai depender da característica do capacitor e da tensão da fonte. Em linhas gerais e de forma prática, o capacitor tem um valor de 1 a 2 micro-Farads e a fonte uma tensão entre 300 e 400 VDC (corrente contínua).
O passo seguinte para o funcionamento do sistema é conectar o capacitor carregado aos bornes do primário da bobina de ignição . O enrolamento primário da bobina de ignição possui uma resistência muito baixa à corrente contínua, o que faz com que o capacitor se descarregue muito rapidamente, fazendo com que a corrente elétrica no primário alcance seu valor máximo de forma praticamente instantânea. Como consequência, a tensão no enrolamento secundário da bobina também alcança seu valor máximo em um tempo muito breve. Isto implica em dizer que, no sistema capacitivo, a bobina de ignição funciona como um transformador e não meramente como um indutor.
Resumindo o exposto, pode-se dizer que, na prática, a produção da faísca é instantânea, e se produz ao mesmo tempo em que se conecta o capacitor ao circuito primário, e esta característica é a que mais destaca o funcionamento do sistema capacitivo de ignição com respeito ao indutivo, em todas as suas variantes. A tensão de ignição no sistema capacitivo é de 15 a 20 vezes mais rápida, em seu aparecimento, que nos sistemas indutivos, o que, isoladamente, já caracteriza uma enorme vantagem . Outra vantagem desta rapidez na descarga é observada no circuito secundário: a geração da faísca ocorre em praticamente um único pulso, altamente energético, já que as perdas ocasionadas pela ressonância do circuito são praticamente nulas .
Estas duas características alteram drasticamente, para melhor, a dinâmica da ignição do motor , oferecendo uma faísca de ignição com a mesma capacidade energética tanto em marcha lenta quanto na maior rotação que o motor possa atingir. A limitação do máximo regime de giros da ignição dependerá, exclusivamente, da tecnologia utilizada para a geração da tensão de carga do capacitor. Devido a rapidez e a maior quantidade de energia contida em uma faísca gerada pelo processo capacitivo, as cargas parasitas frequentemente encontradas no circuito de alta tensão não surtem a mesma atenuação quando comparadas a um circuito de ignição indutiva, o que reforça ainda mais as vantagens do sistema capacitivo.